Estes não estão no mapa. Moradores de rua, mendigos ou digões? Caneta e guache sobre papel jornal. Escolhi o suporte antes de escolher o tema, pela sua fragilidade e pouquíssima durabilidade. Os primeiros foram os verticais e depois passei para horizontais. As perguntas são muitas para essa tribo antiga que perambula pela cidade. Como sobrevivem. Qual é o mínimo necessário para hoje? Planos para o futuro? Fonte de inspiração? Para alguns, a sobreposição de peças de vestuário e tecidos é um convite a criação. Não passa pela cabeça frases inteiras enquanto estou trabalhando e sim palavras que reforçam cada traço: papelão, vasilhames, gamelas, cordas, sapatos, chinelo, unha, roupas, donativos, concreto, ponte, teto, fogo, birita, mé, cobertor, espuma, poste, marquise, degraus, esmola, moeda, lanche, comida, fome, banho, sabonete, roupa, loucura, oportunidade, falta de, fuga, medo, morte, zonzo, lelé, briga, roubo, assassinato, perigoso, rasgado, frio, calor, dente, boca, sexo, saco, sobrevivente, perder tudo, real, romântico, perdido, hoje, agora, espera, atravessa, vai, me dá, é meu, etc.
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